terça-feira, 28 de junho de 2011

Morre Lentamente...

 
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve
música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar,
morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo
todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca
a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e
os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem
não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não
arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se
permite pelo menos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva
incessante...
Morre lentamente, quem abandona um
projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que
desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um
esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a
perseverança fará com que conquistemos um estágio pleno de felicidade.

Pablo Neruda

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