terça-feira, 28 de junho de 2011

Morre Lentamente...

 
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve
música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar,
morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo
todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca
a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e
os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem
não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não
arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se
permite pelo menos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva
incessante...
Morre lentamente, quem abandona um
projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que
desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um
esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a
perseverança fará com que conquistemos um estágio pleno de felicidade.

Pablo Neruda

sábado, 25 de junho de 2011

Kevin Bales: Como combater a escravidão moderna

 

Brasil - Algumas questões introdutórias sobre bioética


1 – Quando falamos em Bioética, afinal de contas, estamos falando do quê? (conceito)

Quando falamos em bioética, falamos de uma reflexão sistemática que visa defender a vida e sua dignidade. Essa reflexão está muito preocupada com os avanços técnico-científicos, sobretudo os ligados às ciências médicas, para que eles possam trazer o bem ao ser humano e não ferir seus princípio éticos e morais.
A definição mais clássica de bioética e também a mais aceita é o da Encyclopedia of Bioethics de 1978: “bioética é o estudo sistemático da conduta humana, no âmbito das ciências da vida e da saúde; considerada à luz dos valores e princípios morais”. Esse conceito abrange todas as ciências relacionadas com a vida. A bioética vai refletir sobre problemas referentes ao início, ao viver e ao fim da vida humana, isto é, todas as técnicas que possam vir a interferir neste processo gerando conflitos éticos e morais, colocando em risco os valores humanos.


A bioética deseja chegar a uma ética comum sobre uma base racional e secular sem desprezar aos valores das culturas, sobretudo os valores religiosos, que são parte fundamental do ethos de qualquer sociedade. A bioética seria parte da idéia do desejo de uma ética fundamental, secular e comum para todas as culturas da humanidade. Porém, esse sonho é muito difícil de ser alcançado, mas serve como um horizonte que faz o ser humano caminhar em sua direção dentro de uma evolução positiva.


2 – Como esse (debate) que considera os problemas relacionados foi se dando na história? Em outras palavras: comente o nascimento da bioética.

Podemos dizer que a reflexão bioética nasce na Grécia Clássica quando os filósofos começam a refletir sobre ética, um saber prático, como chamava Aristóteles. Essa reflexão entra no cristianismo com a moral cristã (tema de muitos teólogos, com destaque para Agostinho e Tomás de Aquino), segue na modernidade, mesmo com todo espírito crítico dos modernos e iluministas e chega mais próximo de nós com uma reflexão sobre a ética de forma mais fragmentada. É dentro dessa fragmentação que nasce a bioética tal com entendemos hoje, depois dos abusos de II Guerra Mundial, sobretudo das experiências escandalosas com seres humanos pelos nazistas nos campos de concentração.

Durante a Guerra, muitas barbaridades ocorreram no âmbito da pesquisa e experiências com seres humanos, principalmente com os judeus, vítimas dos nazistas nos campos de concentração. Finalizada a Guerra, o mundo ficou chocado com as conseqüências trágicas, resultantes de muita frieza e derramamento de sangue. 


Para muitos foi nesse período de pós-guerra que ocorreu o nascimento da bioética, época do desenrolar do processo de Nuremberg (1945-48) resultando na promulgação do Código de Nuremberg. Contudo, é no início da década de 60, com os acontecimentos da hemodiálise em Seatle-EUA, que acontece a gêneses da bioética (digamos oficialmente), mas o vocábulo bioética só surge em 1970, com um artigo intitulado The science of survival (A Ciência da Sobrevivência), escrito pelo oncólogo norte-americano Van Rensselear Potter, que, no ano seguinte, publica uma obra de referência inicial intitulada: Bioethics: bridge to the future (Bioética: ponte para o futuro); dando inicio à sistematização deste novo saber necessário à humanidade. A partir daí, a bioética se instala nos EUA, na década de 80 na Europa e nos países em desenvolvimento somente nos anos 90.

No Brasil, a bioética demora a se instalar. No início da década de 1970, quando a bioética começa a ganhar características próprias nos EUA e na Europa, o Brasil vive um contexto de falta de liberdade sob o regime militar. No mundo acadêmico aconteciam debates sobre o assunto, até mesmo porque o regime fazia torturas, mas não ultrapassava esse ambiente restrito. Na segunda metade da década de 1980, com a 8a Conferência Nacional de Saúde, que propicia a Lei Orgânica da Saúde e a implantação do SUS, temos reflexões bioéticas, pois princípios éticos aparecem como eqüidade. Contudo, o marco para o surgimento no Brasil foi a criação da Sociedade Brasileira de Bioética em 1992, que possibilitou a implantação definitiva da bioética por aqui e o seu desenvolvimento. Vale lembrar o 1° Congresso Brasileiro de Bioética, em 1996, realizado em São Paulo e organizado pela SBB. De lá para cá aconteceram 7 Congressos Brasileiros (o último realizado em setembro de 2007) e um Congresso Mundial ocorrido no Brasil em 2002 com ampla repercussão internacional, pois seu tema, Bioética, poder e injustiça, chamava atenção para uma reflexão bioética voltada para questões próprias do terceiro mundo.


A bioética em sua reflexão parte de alguns princípios, surgido no primeiro mundo (EUA e Europa), que são consenso em todo mundo ocidental, são eles: princípio de beneficência, princípio de não male-beneficência, princípio de autonomia e princípio de justiça, mas o principialismo é insuficiente para as questões bioéticas do terceiro mundo marcado pela exclusão e pela pobreza. Esses princípios foram surgindo ao longo da História e hoje são aceitos; mas, atualmente, são muito questionados na América Latina, que necessita de uma bioética com padrões próprios, pois o principialismo é um modelo importado dos países do primeiro mundo, que não têm os problemas do mundo subdesenvolvido e, mesmos os semelhantes, são tratados de forma diferente, pois são culturas diferentes. Na América Latina, o desafio é elaborar uma bioética latino-americana com caráter libertador. Muita coisa está sendo feita nesse sentido.


3 – A bioética estabelece contato com outras ciências ou áreas do saber com o objetivo de melhor discutir e avaliar as questões que dizem respeito a ela?

A bioética é por natureza interdisciplinar, pois ela está preocupada em defender a vida, sobretudo a humana e sabemos que o ser humano não é uma máquina, mas um ser animado e com muitas dimensões, que envolve todas as áreas do saber. Portanto, é fundamental o contato da bioética com os outros saberes, até mesmo porque a bioética não é um saber preocupado em refletir sobre si mesmo, mas sobre a prática de todas as ciências, sobretudo as ligadas diretamente à vida humana, como as ciências médicas (hoje também a bioética preocupa-se muito com a vida animal e vegetal; há muitos estudos sobre bioética e meio-ambiente).

A interdisciplinaridade faz parte da metodologia do estudo bioético. Manter um diálogo com as diversas disciplinas é extremante importante, porque a bioética não estuda sobre si mesma, mas sobre as implicações práticas da várias ciências da vida e junto a elas chegarem a soluções viáveis, respeitando a vida e levando o homem a uma evolução sadia e positiva.


4 – Quais as questões ou problemas relevantes discutidos pela bioética na atualidade?

Quando falamos em questões bioéticas imediatamente vem à mente das pessoas os problemas relacionados ao aborto e à eutanásia. Esses problemas são muito discutidos, pois são reais no mundo inteiro; mas, a bioética não se restringe a eles. 

Os problemas mais discutidos na bioética atualmente estão ligados ao avanço de novas tecnologias ligadas a tratamentos e a curas de doenças, ou seja, os dilemas bioéticos relativos ao grande avanço das ciências médicas e farmacológicas. Por exemplo: a técnica que permite fazer um diagnóstico genético graças ao mapeamento do genoma humano: como fica a questão do acesso a essa tecnologia?. O desenvolvimento de um novo medicamento para os portadores do HVI: como fazer que todos tenham acesso e que não seja algo exclusivo para quem em grande poder aquisitivo?


As pesquisas com seres humanos também são um tema muito debatido, pois vale o célebre princípio de Kant: o homem sempre deve ser tido com fim e nunca com meio. Preocupa muito que nenhuma pesquisa traga malefício aos voluntários e que os países pobres não sejam celeiros de pesquisa e que, posteriormente, sua população não possa usar o medicamento, pois é muito caro (nesse exemplo está uma questão econômica e social ligada à bioética).


As questões clássicas sobre o aborto (muito debatida no Brasil devido a alguns grupos militarem pela sua regulamentação e a postura contrária da Igreja), a eutanásia, a distanásia e fertilização in vitro.
Há grandes debates envolvendo os Direitos Humanos que têm ares de universalização, mas esbarram com os problemas das culturas fora do âmbito do mundo ocidental. 


Na América Latina há uma preocupação muito forte com as questões bioéticas ligadas aos problemas sociais, pois vivemos em uma realidade marcada pela injustiça, pela desigualdade e pela pobreza. Assim, a bioética feita aqui não pode ficar alheia a uma criança que morre na fila de um hospital esperando atendimento e à morte de pessoas na rua com fome e frio, por exemplo. Discute-se muito na América Latina sobre uma bioética de intervenção, como a bioética pode intervir nos problemas sociais para melhor defender a vida e sua dignidade. Daí vem o desafio de uma bioética latino-americana. 


5 – Como são organizados os espaços de reflexão sobre bioética? (Por exemplo, aqui no Brasil).

Os espaços de reflexão sobre bioética geralmente são organizados de forma interdisciplinar nas universidades, nas instituições de saúde e em centros de pesquisas independentes. Um grande espaço de reflexão bioética são os comitês de ética e pesquisa, que estão presentes nos hospitais, universidades, secretárias de saúde e em qualquer meio que envolve pesquisa com seres humanos; pois, para se fazer uma pesquisa com seres vivos, no Brasil, é preciso obter a aprovação desses comitês dentro das normas da Resolução 196/96 do Ministério da Saúde.

A reflexão bioética no Brasil está passando por um período muito fecundo. Há muitos ambientes para esse tipo de estudo. Há muitas universidades com núcleos de estudo em bioética, como a USP e o Centro Universitário São Camilo, em São Paulo; a UnB, em Brasília; a UFRS junto com o Hospital das Clínica de Porto Alegre; A Unisinos em São Leopoldo etc. Também há grupos organizados para essa reflexão e estudo com pesquisadores de ponta como a Sociedade Brasileira de Bioética, a Sociedade Brasileira de Teologia Moral e o Conselho Federal de Medicina.


Porém, ainda faltam espaços de reflexão que incluam mais a população brasileira. A reflexão bioética no Brasil ainda é um estudo muito ligado à elite. As camadas populares não têm acesso. O que é um problema de toda educação universitária brasileira. Espero que essa atual preocupação em elaborar uma bioética própria para o nosso contexto considere essa questão.


6 – Bioética e Cristianismo: há relação? 

Há uma relação, sem dúvida. Podemos dizer que á uma relação sob três aspectos:

1. Por parte do próprio Cristianismo, que, com a missão de anunciar o Evangelho e promover a vida em plenitude, como diz Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude” (Jo, 10,10). A defesa da vida é um dos principais elementos da missão cristã. Movido por compaixão e misericórdia, como Jesus Cristo , o cristão deve cuidar da vida humana, dom de Deus, portanto com uma dignidade intrínseca. Sendo assim, o Cristianismo não pode ficar alheio às reflexões bioéticas

2. Por parte do povo: os valores do mundo ocidental estão pautados nos valores cristãos, que entraram no ethos dessa sociedade, por mais secularizados que estejam alguns países. Na América Latina, os valores cristãos constituem a base de sentido e de segurança existencial da população, sobretudo dos mais pobres, que se apegam à fé e aos seus valores. O Cristianismo está na base dos princípios morais e éticos do mundo ocidental.



3. Do ponto de vista de quem está preocupado com os problemas bioéticos não pode desprezar o Cristianismo, pois estaria cometendo um atentado contra a sociedade, que na sua grande maioria encontra uma base segura nos valores cristãos. Os valores do cristianismo estão na base do ethos da cultura ocidental, eles expressam uma relação direta entre bioética e cristianismo, que quem estuda bioética não poder deixar de lado.

Alexandre Andrade Martins
Religioso Camiliano. Filósofo
Fonte: Adital

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O valor de um homem



"O valor de um homem não se da pelas roupas ou bens que possui,
mas sim, pelo caráter e beleza dos ideais."

Charlie Chaplin

Fator Moderno 5.000 Visualizações

Aos nossos leitores e amigos,

Muito Obrigado!

Fator Moderno
Um Olhar Real

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Entre Rios (2010)

(Brasil, 2010, 25 min. Direção: Carlos Silva Ferraz)

O desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo se deu através de práticas que ficavam entre a tecnocracia conservadora e a especulação imobiliária. Continuamos com essa prática, o urbanismo rodoviarista, dando preferência ao automóvel ao invés das pessoas e do ambiente. Pagamos por isso, a cada chuva.